Desde os anos 2000, os X-Men têm protegido uma humanidade que os teme e odeia no cinema. Já enfrentaram um certo Mestre do Magnetismo e depois se aliaram a ele, apresentaram diversas versões de mutantes conhecidos e secundários; enfrentaram a Fênix e o preconceito; contribuíram para popularização de dois anti-heróis que já eram famosos nos quadrinhos; foram reformulados e viajaram no tempo. Tudo isso no período de 19 anos, um tempo significativo para o histórico das adaptações de quadrinhos. Agora com a recente estreia de X-Men: Fênix Negra é chegada a hora de revistar os altos e baixos deste grupo de super-heróis na sétima arte.

O primeiro ponto de partida nesta viagem ao passado fica por conta da trilogia original. X-Men: O Filme estreou nos anos 2000, ou seja muito antes de grandes produções do mundo nerd como a trilogia Nolan e os primeiros filmes da Marvel Studios. Apesar de algumas liberdades criativas questionáveis, não podemos desmerecer a importância deste primeiro trabalho do cineasta Bryan Singer com os mutantes. Foi graças ao sucesso desse filme, juntamente com Homem-Aranha (2002) e Blade (1998), que se iniciou uma mudança de mentalidade na indústria cinematográfica a respeito do rico material que as histórias em quadrinhos poderiam fornecer para o cinema.

Em relação as continuações, X-Men 2 (2003) e X-Men 3: O Confronto Final (2006), vale observar que elas serviram para não só manter o sucesso obtido no primeiro filme como aumentar a popularidade do Wolverine de Hugh Jackman. Não foi a toa que o grande destaque dos três filmes acabou mais cedo ou mais tarde sendo o protagonista de sua própria franquia. Aliás, protagonismo é a palavra-chave quando o assunto é a versão do mutante com garras mais letal do cinema e dos quadrinhos. Além de basicamente roubar as cenas nos filmes da equipe, o que o tornava uma espécie de protagonista dos mesmos, o ator ficou marcado na memória dos fãs por ter vivido durante tanto tempo o personagem.

Infelizmente, a forte presença do Wolverine não foi o único problema de toda franquia mutante que sempre pecou em questões como cronologia e excesso de decisões questionáveis na adaptação de alguns personagens. Um exemplo disso é a essência da relação única entre Professor Xavier e Magneto, algo que se manteve na reformulação feita em X-Men: Primeira Classe mas com alguns problemas. Um deles é a Mistica vivida por Jennifer Lawrence, que agora é irmã adotiva de Charles e interesse amoroso do Magneto e do Fera. Além disso, havia o problema do roteiro sempre forçar um certo heroísmo nela. Isso, mesmo com boa vontade, foi difícil de aceitar apesar de todo o carisma da atriz.

Inclusive, Primeira Classe não foi a única reformulação realizada no universo cinematográfico mutante. Com o perdão do trocadilho infame, Deadpool também renasceu como uma (deusa, lol) fênix. Esta segunda oportunidade para o mercenário tagarela foi tão significativa que mereceu até um retrospecto nesta coluna. Outro anti-herói mutante que, de certo modo, teve algo assim foi o Wolverine. Após dois filmes que não fizeram jus ao seu potencial, ele pode finalmente mostrar ao que veio na sua última aventura em Logan (2017). Um encerramento inspirado, digno e acima de tudo épico.

Agora, o que o futuro reserva para os X-Men? Esta pergunta, entre muitas outras, só será respondida daqui há muitos anos. Como fã da Marvel Studios, compartilho da expectativa de muitos para que o sucesso dos novos filmes seja tão grande quanto a importância da filmografia do grupo no histórico das adaptações de quadrinhos. Potencial para isso, os mutantes tem de sobra.

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Olhar Literário é uma coluna escrita por Marcus Alencar. Marcus é redator no site Leituraverso e um dos hosts do podcast Leituracast

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Marcus Alencar

"Palavras importam! Uma morte, uma ondulação e a história mudará em um piscar de olhos"

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