Neste ano, o maior ícone feminino dos quadrinhos completou 75 anos de existência: a Mulher-Maravilha. Criada pelo psicólogo William Moulton Marston em parceria com o desenhista Harry G. Peter na década de 40, a heroína já passou por diversas transformações nas histórias da DC Comics além de influenciar e inspirar a criação de outras personagens tão notáveis quanto ela. Não é a toa que a Rainha das Amazonas é peça fundamental na Liga da Justiça, além de formar a Trindade da editora ao lado de Batman e Super-Homem. Tendo em vista essa comemoração, é oportuno ressaltar como as heroínas atualmente têm se tornado cada vez mais representativas para o seu público tanto nas HQs como em outras mídias. Por esse motivo, é sempre importante enfatizar que a nona arte não é exclusiva para um determinado gênero apesar das várias tentativas de provar o contrário.

Em primeiro lugar, é complicado falar sobre a representação feminina nos quadrinhos sem antes esbarrar no machismo. Afinal de contas, se não fosse por essa abominação histórica, muitos erros e injustiças seriam evitados. De várias formas, a mulher já foi mostrada como sexo frágil através do rótulo de mocinha indefesa, esse tão comum em várias produções de outras artes. Curiosamente, este clichê tem sido cada vez menos comum nos dias atuais. Cada vez mais, vemos a namorada do herói ser tão forte e marcante quanto ele, por exemplo. Essa mesma mudança também demonstra um amadurecimento na visão artística dos produtores de quadrinhos. Outro dado importante é como isso também se reflete no traço. Uma prova disso está nos anos 90, por exemplo, quando tínhamos personagens cada vez mais sexualizadas.

Nas histórias da Marvel, uma personagem que acompanha de certo modo a evolução da Mulher-Maravilha é Carol Danvers. Utilizo primeiramente o nome do alter-ego da hoje Capitã Marvel pelo simples motivo dela ter evoluído significativamente em vários aspectos. Se no começo, ela respondia pelo título de “Miss Marvel” e se vestia como uma modelo hoje ela abraça seu lado militar e ganha um espaço mais do que merecido nas histórias da editora. Vale lembrar que em breve ela será apresentada para um público cada vez maior quando o seu filme estrelado por Brie Larson estrear nos cinemas em 2018, um ano depois do filme da Mulher-Maravilha.

Um detalhe importante é que apesar de não ter o mesmo espaço que a heroína da DC, a Capitã Marvel é responsável por influenciar outra personagem tão importante em termos de representatividade quanto ela: a nova Miss Marvel Kamala Khan. Além de se comunicar diretamente com um público mais jovem, Kamala é muçulmana, o que traz outro aspecto importante que é o cultural e religioso. De certo modo, a herdeira do seu legado também dialoga com os leitores do mesmo modo que um adolescente franzino chamado Peter Parker (Homem-Aranha) fazia nos anos 60. A comparação se faz válida por conta do aspecto mais humanizado das histórias de ambos, algo tão marcante nos quadrinhos da editora.

Outro símbolo atual da representatividade feminina que tem ganhado cada vez mais espaço é a Supergirl. Com uma série própria na TV, a prima do Superman têm provado ser tão forte para o público quanto o Homem de Aço. É tocante a imagem no qual a atriz Melissa Benoist aparece ao lado de várias meninas vestidas com a roupa da Supegirl. Esse momento inclusive nos remete a repercussão que o filme das Caças-Fantasmas teve com as crianças. Ou quem não se lembra da alegria de uma menina ao ver a atriz Kristen Wiig dando autografo?

Obviamente, não estou esquecendo que algumas das personagens citadas neste texto são versões femininas dos heróis. No entanto, acredito que este aspecto não diminui nem um pouco o potencial representativo que essas heroínas têm para com o seu público. Isso realmente não tem preço. Que esse seja apenas um começo para um mundo mais justo e digno para as mulheres na nona arte. Fica também a esperança para que haja mais justiça e maturidade na produção de histórias que realmente representem a mulher com o devido respeito.

Olhar Literário é uma coluna escrita por Marcus Alencar. Marcus é redator no site Leituraverso e um dos hosts do podcast Leituracast.

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Marcus Alencar

"Palavras importam! Uma morte, uma ondulação e a história mudará em um piscar de olhos"

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