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Para muita gente o que faz despertar o interesse num filme são os atores que estão no projeto. Não é a toa que atualmente quase todos os pôsteres são uma composição de rostos de atores, geralmente os mais famosos mesmo que não sejam protagonistas. Porém às vezes o que nos leva a ver um filme não é o ator em si, mas o fato dele estar num papel completamente incomum comparado aos seus trabalhos anteriores.  Não só o ator deseja se provar como versátil quanto os realizadores do filme desejam ter um diferencial que os destaque dos demais filmes. Acredito que esse é o caso de Becky.

Becky está sofrendo com o luto de ter perdido sua mãe e as coisas só pioram quando seu pai revela que pretende se casar com uma nova namorada. Ela não aceita essa nova figura feminina em sua vida, mas terá que colocar suas diferenças de lado quando um grupo de fugitivos da prisão invade sua casa.

Vamos direto ao elefante na sala. Kevin James, famoso por seus filmes de comédia escrachada no estilo Adam Sandler, interpreta o vilão principal do filme que é um nazista psicótico. Sua atuação até que convence e ele consegue carregar esse personagem chamativo. Na verdade é até difícil reconhecê-lo num primeiro momento, pois propositalmente ele está com um visual completamente diferente do que estamos acostumados a vê-lo. Não direi que ele rouba a cena ou algo do tipo, mas cumpriu muito bem seu papel e certamente tem potencial para encarar mais papeis difíceis desse tipo. Em contra partida um destaque negativo de atuação é Amanda Brugel (O Conto de Aia) que parece não se esforçar nenhum pouco em seu papel.

Outros atores que são relativamente conhecidos que estão no longa são Joel McHale (Community e recentemente fez a voz do Jonny Cage na animação do Mortal Kombat) e Lulu Wilson, nossa protagonista, que você pode conhecer de Annabelle 2, A Maldição da Residência Hill e Ouija: Origem do Mal. Tanto os diretores quanto os roteiristas não possuem trabalhos anteriores dignos de nota.

O filme se baseia em dois pilares: a violência gráfica extrema e a tensão da situação da invasão de domicilio. Infelizmente o filme só consegue executar bem o primeiro pilar. A parte de ação do longa é bem feito e diverte bastante. Temos o contraste clássico de uma figura singela (uma adolescente) fazendo atos de violência contra homens adultos.  A tensão necessária numa história de bandidos fazendo uma família de refém em suas casas não consegue fazer o espectador ficar na ponta da cadeira e torcendo pelas vítimas como é necessário.

O roteiro faz um uso bem básico do McGuffin (na ficção, MacGuffin é um dispositivo do enredo, na forma de algum objetivo, objeto desejado, ou outro motivador que faz a trama do filme acontecer), mas parece muito artificial e claramente só existe para justificar algumas situações que levam a história para frente. Poderíamos ter um pouco mais de exploração na existência desse objeto que é desejado pelos vilões e que causa todos os problemas.

O terceiro ato não é um dos mais satisfatórios. Alguns arcos de personagem são realizados de forma muito abrupta e os diálogos nesse momento são especialmente clichês. No todo o filme é meio arrastado quando não estamos vendo cenas de violência explícita. Isso se dá porque os personagens que devemos torcer não são os mais cativantes, principalmente Becky, pois a forma como ela é escrita abusa demais do estereótipo da adolescente revoltada. Entretanto pode ser suficientemente divertido para quem gosta dessas histórias de alguém matando os caras maus um por um com requintes de crueldade.

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Raul Martins

Autor dos livros Cabeça do Embaixador e Onde os sonhos se realizam

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