Com a Crise das Infinitas Terras reconfigurando todo o universo DC, foi necessário recontar a origem de todos os personagens. Grandes clássicos surgiram nesse período e, dentre eles, a melhor fase da personagem Mulher Maravilha. A origem deste ícone se deu com a Segunda Guerra Mundial e, desde então, ela variava entre um ícone do feminino e uma versão machista do que seria uma super heroína. Sua origem às vezes remetia à mitologia grega, mas, muitas vezes, era completamente subutilizada em histórias meia boca. Apesar do símbolo, e da série de TV da heroína na segunda metade dos anos 70, ela nunca teve a devida atenção que merecia dentro da própria editora. Com a chance de recontar sua origem e reapresentá-la ao mundo George Pérez decide dar o tratamento épico que ela necessita.

 A Panini vem fazendo diversas coleções que levam o nome de grandes artistas em cada personagem. Batman já tem vários desses títulos, enquanto Superman ganhou dois do Garcia Lopez, e a saga do Arqueiro Verde e Lanterna Verde (que eu já falei aqui). O mesmo ocorreu com Diana, que nos três volumes no “Lendas do Universo DC” nos mostraram essa nova fase da personagem. Vou falar de cada volume individualmente, mas eles funcionam como uma coleção fechada. De modo geral eles podem ser lidos em separado, mas isso não é nenhum pouco recomendável. Você só terá 100% do prazer desta leitura lendo os três volumes. O nome da coleção leva o nome de Peréz, que desenhou todas as edições e coordenou os argumentos, enquanto os roteiros tinham outros nomes como Greg Potter e Len Wein que vinham para ajudar na elaboração de falas e caixas de pensamento.

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Volume 1

Aqui não temos só a origem da personagem, como todo o universo mitológico grego da DC. Deuses, semi deuses e, principalmente, a história da Ilha Paraíso. Neste momento percebemos que o feminino deixa de ser apenas um elemento de diferencial e passa a se tornar o centro da história e de sua temática. Cada edição dentro deste volume é usada para refletir, em certo grau, a relação entre homem e mulher e discutir o patriarcado. Todas as personagens mais importantes são mulheres, por exceção de TrevorAres, que é o grande vilão desse volume. O desenho de Peréz esta absurdamente incrível e vê-lo desenhar o Olimpo é algo inacreditável, anulando qualquer noção de em cima e embaixo, criando algo completamente fora da realidade e totalmente incrível. Ares está destinado a destruir a Terra numa guerra nuclear definitiva, cabendo a Mulher Maravilha e seus amigos impedir tal destruição. Um roteiro perfeito de filme de origem .

Volume 2

Nestas histórias temos o retorno de uma das vilãs mais clássicas da heroína, a Mulher Leopardo. De certa forma, também temos mais revelações sobre o passado da Ilha e uma espécie de 12 trabalhos de Hércules, mas totalmente permeado sobre a discussão do emponderamento feminino. Talvez seja neste volume aonde que esse tema fica mais escancarado e discutido de forma mais direta. Mas por quê? O próprio Zeus começa a perceber a existência de Diana e decide que fará um filho nela, intimando-a a fazer relações sexuais com ele. Ela recusa, pois mesmo cultuando Zeus, ela não será submissa a ele. Entretanto, não pense que é uma história cheia de diálogos, muito pelo contraio, espere todo o tipo de monstros da mitologia grega. Como se não fosse o suficiente, ainda temos uma revelação sensacional sobre o passado da Mulher Maravilha, digno de fazer o leitor levar a mão a testa e sorrir. Se você não virar fã da personagem depois desse volume eu não sei o que fará você gostar dela.

Volume 3

Aqui temos histórias mais curtas. A segunda é o encontro de Mulher Maravilha e Superman. História muito divertida onde podemos ver Peréz e John Byrne (responsável pela reformulação do Superman pós-crise) dividindo uma edição com os dois personagens e, de quebra, vê-los enfrentando Darkseid. A primeira e a última são vilãs da heroína como Cisne Prateado e Circe, a feiticeira do mal da mitologia grega, nelas vemos mais discussões sobre o feminino, apesar de não serem tão impactantes quanto os dos outros volumes. Perez consegue trazer revelações até o último quadrinho (literalmente).  No fim da edição final, temos fichas de alguns personagens no melhor estilo RPG.


Não espere uma história clichê de origem. Não espere uma história em quadrinhos comum. A arte que você verá nestas paginas é sublime. As ideias postas nessas paginas são muitas vezes simples, mas também trabalhadas e com tanto carinho que não tem como não gostar. Temos todos os tipos de temas relevantes sendo tratados. Uma HQ perfeita para um homem ler e se conectar um pouco mais com o feminino, e mais perfeita ainda para mulheres que sempre quiseram ver o tal ícone feminino que a Mulher Maravilha sempre tentou representar. Ainda por cima consegue ser um quadrinho divertido, cheio de aventura, humor e iriso. Personagens secundários cativantes e marcantes e vilões dignos da heroína. Se não é a melhor fase da Mulher Maravilha é uma das melhores, sem dúvida nenhuma. Vá atrás dessas edições antes que esgotem!


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Raul Martins

Autor dos livros Cabeça do Embaixador e Onde os sonhos se realizam

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