Em 2013 foi lançado o filme “A maldição de Chucky” que tinha como premissa reintroduzir o boneco assassino na cultura pop e, de certa forma, criar um cânone dos filmes da franquia. Não era um reboot e sim um resgate de tudo o que já foi feito com o personagem e tentar criar uma nova mitologia para o boneco amaldiçoado como se o que foi feito anteriormente com ele fosse maravilhoso. O filme de 2013 é mais um filminho clichê, inofensivo para ver com os amigos enquanto come pipoca e bebe cerveja. O Culto de Chucky continua diretamente a história contada neste último filme e segue com a ideia de expandir essa mitologia do brinquedo.

Depois de ser acusado pelos assassinatos de Chucky do último filme, Rachel foi enviada para um hospício. Um belo dia o boneco de Chucky aparece sem mais nem menos e começa a aterrorizar todos que estão dentro da instituição.

Desculpe pela sinopse absurdamente curta, mas está realmente difícil fazer uma boa sinopse. Isso ocorre por dois motivos. O primeiro é porque esse é um daqueles filmes que é difícil falar algo que nâo seja um spoiler. O segundo motivo é porque esse é um dos piores filmes que eu já vi na minha vida, e quase nada nele faz sentido. Eu estou até com certa dificuldade de fazer essa crítica sem contar tudo que ocorre nele. Só para dar uma ideia do que está por vir, o diretor (e também roteirista) deste filme, Don Mancini, está renegando este longa de sua lista de obras.

Este filme aborda alguns temas bem complexos e delicados sem o menor tato, e até com uma boa dose preconceito. Vamos a uma lista rápida: abuso sexual, infanticídio, abuso infantil, maus tratos médicos e preconceito com doentes mentais. Quando digo que o roteiro aborda esses temas, não falo que está discutindo eles ou os usando para construir terror. Só estão lá jogados para chocar e de tabela ofender algumas pessoas.

Vamos tentar falar um pouco dessa história sem contar muito da trama, mas acredito honestamente que impedir que alguém assista a esse filme é um bem para a humanidade. Então se você realmente se importa muito com Chucky acho que a crítica acaba para você aqui.

Esse é um daqueles filmes que não possuía nenhuma coerência interna ou coerência mínima com o mundo real. Um psicólogo realmente acredita que fazer uma mulher que está tentando superar a perda do filho segurar um brinquedo e simular que ele é seu filho é uma boa ideia. Um hospital inteiro só possui um médico e dois enfermeiros. O mais bizarro é o que filme como um todo se leva bastante a sério e perde todo o humor negro bizarro que existem nos outros filmes.

Nada faz sentido. Um hospital onde diversas mortes acontecem e ninguém faz nada. Começam a aparecer vários Chuckys e ainda existe uma história paralela com um dos antigos personagens, dos filmes anteriores, que virou uma espécie de caçador de bonecos assassinos. A premissa dessa franquia de filme nunca foi um primor ou algo que exigisse complexidade, mas nunca se levou a sério, e alguns filmes eram descaradamente comédias, o que suavizava as bizarrices.  Eu sei que os filmes anteriores não são bons, mas pelo menos você poderia chama-los de trash, mas esse nem esse título merece.

O terceiro ato é tão absurdo que parece que ele foi escrito por uma segunda pessoa que não leu a primeira e segunda parte do filme. É um festival de absurdos ridículos. O pior de tudo é que são absurdos engraçados de forma acidental. O filme ainda consegue ser chato, mesmo com um pequeno exército de bonecos assassinos soltos no hospício. O filme mais irrita e ofende do que diverte. Até assistir ironicamente se torna impossível.

Eu nunca pensei que uma franquia divertida de filmes de terror trash viraria um festival de preconceitos e mau gosto. O mais triste é ver a atriz que interpreta a protagonista (Allison Dawn) se esforçando ao máximo em seu papel que não faz o menor sentido. Sinto que eu não estou me fazendo claro do quanto esse filme é horrível, então vou listar alguns eventos que ocorrem nele, então agora o spoiler é sério. Melhor parar por aqui se ainda quiser ver o filme.

Médicos discutem crimes com pacientes psiquiátricos, diversos bonecos começam a chegar ao hospital e ninguém acha estranho, uma paraplégica começa a andar sem explicação, uma assassina famosa entra no hospital alegando ser tutora de uma criança e entrega a evidência de um crime para a pessoa acusada de tal crime, um homem bate num policial na porta de um hospício e é internado com problemas mentais por causa de tal soco.

É o que eu consigo dizer para provar meu ponto. Se não deixei claro o quanto esse filme é absurdo veja por si mesmo, confira e depois volte aqui para dizer o que achou, apesar deu achar essa uma péssima ideia. Só consigo pensar no que disse nesse texto aqui sobre como essa franquia precisa de um recomeço. Esse certamente vai entrar para a lista de piores filmes da história, caso alguém se dê o trabalho de assistir e ele não caia no completo esquecimento. 

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Raul Martins

Autor dos livros Cabeça do Embaixador e Onde os sonhos se realizam

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