A quarta aventura da jornada do Mochileiro das Galáxias é a penúltima dentro da trilogia de cinco escrita por Douglas Adams. Até Mais, e Obrigado pelos Peixes! é o menor volume e também é aquele que mais se afasta da ficção científica “raiz” do autor, focando sua atenção em dois personagens humanos.

Arthur Dent está de volta à Terra e, apesar de tudo parecer como era antes, ele descobre que coisas estranhas aconteceram enquanto ele estava fora. O problema é que as pessoas consideram esses acontecimentos frutos de um delírio coletivo. A única que tem consciência de que algo não está certo é Fenchurch, uma garota tão estranha quanto Arthur. Os dois se apaixonam e, juntos, partem em busca de alguma explicação satisfatória sobre a situação do Planeta e o paradeiro dos golfinhos.

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Este livro e o primeiro começam da mesma maneira: em uma quinta-feira, uma garota sozinha em uma lanchonete de repente descobre como o mundo poderia se tornar um lugar bom e feliz. Mas antes que ela possa contar isso para alguém, uma terrível catástrofe acontece e a informação se perde para sempre. Em o Guia do Mochileiro, a história é sobre outra coisa e não essa garota. Agora, porém, finalmente vamos conhecer melhor essa personagem e tentar redescobrir junto com ela qual foi a grande revelação.

Essa mudança de foco também significa um distanciamento maior do que até então estávamos acostumados. As viagens intergalácticas ficam em segundo plano, a vida alienígena é mencionada apenas rapidamente durante as curtas aparições de Ford Prefect e as improbabilidades geradas pelo deslocamento no espaço ficam menos frequentes. Tudo isso para destacar a Terra e os dois protagonistas humanos.

Para falar a verdade, essa é a primeira vez que podemos chamar Arthur de protagonista, de fato. Antes ele era o cara que todos ignoravam, mas em Até Mais, e Obrigado pelos Peixes! ele até consegue se sobressair um pouco mais e ser divertido como não era há bastante tempo. O próprio Adams faz uma brincadeira com isso ao quebrar a quarta parede e se dirigir diretamente a nós, leitores.

(…) ‘o que é ele, um homem ou um rato? Será possível que não se interesse por nada além de chá e das questões mais amplas da existência? Não tem vigor? Não tem personalidade? Será que, em outras palavras, ele não trepa?’” (p. 98)

Devido a essa atenção maior pare ele e para sua namorada, outros velhos conhecidos ficam esquecidos, como Zaphod e Trillian. Entretanto isso serviu para manter a narrativa mais focada, mesmo que muitas coisas não façam sentido na busca dos dois.

Até Mais, e Obrigado Pelos Peixes! ironiza a procura por significados ou sentidos que algumas pessoas gostam de fazer. Talvez essa seja a grande crítica que Douglas Adams resolveu deixar mais evidente nesse volume pequeno e sem muito peso dentro da saga.

Adicione este livro à sua biblioteca!

Leia a resenha dos outros volumes:

As minhas impressões pessoais sobre a série como um todo

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Mozer Dias

Engenheiro por formação, mas apaixonado pelo mundo da literatura e do cinema. Se eu demorar a responder, provavelmente estou ocupado lendo ou assistindo a um filme.

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