Em 2014, estreava pela Fox uma série que, assim como Smallville, recontou a origem de um dos heróis mais icônicos dos quadrinhos. Criada por Bruno Heller, Gotham teve vários erros e acertos em sua passagem pela tv. Agora, em 2019, ano do seu encerramento e do aniversário de 80 anos do Batman, chegou o momento de checar se o saldo foi positivo e a altura do Cavaleiro das Trevas.

Apesar de se ambientar no universo do herói, quem protagoniza é James Gordon (Ben McKenzie) que nos é apresentado como um detetive iniciante na polícia, corajoso, sincero e ansioso para mostrar serviço. Sua primeira missão é solucionar o caso do assassinato dos bilionários Thomas e Martha Wayne, um dos casos mais complexos da cidade. Com seu parceiro, o oficial Harvey Bullock (Donal Logue), Gordon conhece o único sobrevivente do assassinato: Bruce (David Mazuouz), um garoto de 12 anos, filho do casal, por quem ele imediatamente sente uma grande afeição.

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Por conta dessa premissa, acompanhamos não só uma versão jovem de Gordon e Bruce como dos demais vilões da extensa galeria do Batman. Alguns têm mais destaque como Oswald Cobblepot/Pinguim (Robin Lord Taylor) e Edward Nygma/Charada (Cory Michael Smith) enquanto outros ganham participações pontuais e significativas. No caso dessa dupla especifica, pode-se dizer que ambos foram bem desenvolvidos em vários pontos mesmo sendo alvo de algumas liberdades criativas questionáveis. Um exemplo disso está na tentativa de criar um casal gay após o momento em que o Pinguim revela seu interesse pelo Charada na terceira temporada. Uma ideia boa e ousada, porém “esquecida” nos anos posteriores como se tivesse sido apagada do tempo. Em compensação, tivemos com esses dois versões bem melhores e mais interessantes do que as vistas no cinema em Batman – O Retorno e Batman Eternamente.

Outro detalhe que os vilões de Gotham têm em comum é o fato de terem em James Gordon seu principal antagonista. A cada temporada, o detetive lutou incansavelmente contra toda e qualquer ameaça, seja ela vinda de mafiosos ou de pessoas completamente insanas. Isso fez com que a figura do futuro Batman ficasse ofuscada por algum tempo até ter a oportunidade de sair das sombras, o que ficou mais evidente com o surgimento das figuras de Jerome e Jeremiah Valeska (Cameron Monaghan). O vilão que é a versão da série para o Coringa, mas que por motivos legais não foi chamado como tal, roubou a cena com muito carisma. O roteiro da série soube utilizar muito bem o talento do ator e referenciar histórias clássicas como A Piada Mortal. No episódio “A Dark Knight: One Bad Day”, da quarta temporada, Bruce e seu mordomo Alfred (Sean Pertwee) passaram por situações traumáticas que remetem aos ocorridos com o Comissário Gordon e sua filha Barbara na HQ de Alan Moore.

Ainda sobre o jovem Bruce, vale destacar como ele foi ganhando mais importância e até tendo suas próprias tramas dentro de cada temporada. Essa evolução se deu de forma gradativa transformando-o aos poucos no herói que todos conhecemos. Quem também contribuiu muito com isso, como era de se esperar, é Alfred. Um dos personagens mais relevantes e marcantes da mitologia do Batman tem em Gotham uma versão digna de aplausos. Fica a expectativa para que a série inspirada em sua juventude consiga ter o mesmo êxito em termos de atuação.

Infelizmente, é uma pena saber que a última vez que vimos esses personagens foi em um episódio final fraco e pouco inspirado. “Legend of the Dark Knight: The Beginning…”  dá um pulo no tempo de dez anos com personagens sem o devido envelhecimento, um Batman sem uma presença forte e uma trama com resolução rápida. Com um encerramento desse nível, fica a conclusão de que Gotham não teve uma jornada satisfatória. Triste, afinal de contas o Cavaleiro das Trevas merecia um presente bem melhor em seu 80º aniversário.

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Marcus Alencar

"Palavras importam! Uma morte, uma ondulação e a história mudará em um piscar de olhos"

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