Por Vanessa Barros

Para ler a parte 2

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           Agora, além de manter a ordem dentro de casa para que o marido pudesse fazer leituras, pesquisas, trabalhos, era necessário à esposa também administrar muito cautelosamente cada centavo recebido no trabalho. Passou a fazer bolos e doces para vender para ganhar um pouco mais.

            Os anos passaram e o curso na faculdade avançava. Marcelo seguia firme em seus estudos, tendo por todo período estudantil sua família sendo responsabilidade quase total da esposa. O curso terminava, mas ele não participaria das comemorações de formatura:

            _ É tudo muito caro. Não temos dinheiro.  _ disse o universitário à esposa.

            Yolanda achou justo. O que importava era o conhecimento que ele adquirira e o que viria a partir dele. Mas, internamente, ela sonhava com a participação dele nas festividades de formatura. Um sonho tão bonito, sonhado por todos, sem um “gran finale?”

            No aniversário de Marcelo, meses após o fim do curso. A família, almoçando em seu restaurante predileto, é abordada por uma mulher:

            _ Marcelo! Que família linda! Como vão vocês?

            O homem ficara desconcertado. As duas mulheres perceberam, mas não poderiam imaginar o porquê daquela inquietação. Aquelas duas conversando… Seria um problema. Ele tentou mudar de restaurante. Yolanda, além de não aceitar a proposta, convidou a colega do marido e seu namorado a sentarem-se à mesma mesa. Era uma moça muito simpática, alegre. Conquistou a esposa que pôde compreender facilmente o incômodo do marido ao ouvir da colega dele a pergunta:

            _ Nossa colação de grau foi linda. Por que você não foi?

            Marcelo paralisou-se. Yolanda não entendeu a pergunta.

            _ Eu não fui?!

            _ Aliás, você só não. Ninguém da família foi. O que aconteceu?

            Yolanda perde o chão. Não controla lágrimas que, torrenciais, desciam de seus olhos e inicia um ataque a Marcelo que não tem como se defender:

            _ Como você fez isso com sua família, seu ingrato?

            O sofrimento de Yolanda era flagrante. Em prantos disse à colega do marido toda história daquele curso. A colega decepcionada, então o questiona:

            _ Você não quis que sua família participasse da nossa formatura por quê? Que tipo de homem é você?

Clique aqui para ler a parte 4

Vanessa Barros (MG) é escritora. Autora dos livros Crônicas a Bordo de um Trem Urbano e  Crônicas a Bordo de um Trem Urbano – A viagem continua. Para conhecer mais sobre o seu trabalho ouça nossa entrevista com ela no Leituracast 11.

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Marcus Alencar

"Palavras importam! Uma morte, uma ondulação e a história mudará em um piscar de olhos"

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