O terceiro filme da nova saga da franquia Harry Potter, Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore traz novamente a trama de eugenia bruxa desejada por Grindewald (Mads Mikkelsen) e os protagonistas tentando frustra-lo. Com o esperado maior envolvimento de Alvo Dumbledore (Jude Law) na história, o filme prometia trazer mais da relação amorosa do passado entre o professor de Hogwarts e o vilão, além de explorar toda uma conspiração das organizações bruxas em prol dos planos de Grindewald. Porém o longa fica em um plano raso não só nestas questões, como também traz uma confusa trama de planos sem efeitos reais no filme e um Conselho da Magia no mínimo ingênuo.

O professor Alvo Dumbledore sabe que o poderoso mago das trevas Gellert Grindelwald está se movimentando para assumir o controle do mundo mágico. Incapaz de detê-lo sozinho, ele pede ao magizoologista Newt Scamander (Eddie Redmayne) para liderar uma intrépida equipe de bruxos, bruxas e um corajoso padeiro trouxa em uma missão perigosa, em que eles encontram velhos e novos animais fantásticos e entram em conflito com a crescente legião de seguidores de Grindelwald. Mas com tantas ameaças, quanto tempo poderá Dumbledore permanecer à margem do embate?

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O filme é dirigido mais uma vez por David Yates que trabalha com o mundo bruxo desde os filmes de Harry Potter, que aqui faz um trabalho bem simples e com pouca assinatura. Mas o que mais deixa a desejar no longa é o mergulho raso que damos no mundo bruxo. Agora as magias são meros balançares de varinhas,  sem uma história por trás; os lugares místicos dão vez ao sombrio de moradias e vielas; Ministérios e prisões deixam de ter sua outrora grandiosidade e charme em seu funcionamento para se tornarem covil de lacaios sem a menor repreensão.

Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore deixa claro que a partir deste ponto Newt não é mais o protagonista da história, este posto é assumido por Dumbledore. Já era de certa forma algo esperado, mas há uma clara mudança no clima da obra. O frescor fantástico com os animais sendo o motor para desenrolar a história que vimos no primeiro filme, Animais Fantásticos e Onde Habitam, já havia de alguma forma se perdido no segundo, Os Crimes de Grindewald, e neste terceiro longa é abandonado de vez. Dando lugar a um clima sombrio em telas escurecidas. Até mesmo os animais mágicos perdem o seu brilho nesta trama, apesar de termos um de importância para o desfecho da história.

O elenco faz um trabalho competente, mas sem brilho em seus papéis. Mads Mikkelsen é o que mais chama a atenção substituindo Johnny Depp como Grindewald, dando um ar sedutor ao personagem mesmo sem a paixão da versão de Depp. Jude Law faz um Dumbledore cheio de receios como o filme pede, mas ainda distante de acharmos alguma conexão com o mago de túnica e chapéu que se tornará no futuro. Eddie Redmayne está mais conciso, mas ainda incapaz de falar uma frase sem seu tom problemático. Dan Fogler está carismático como sempre como Jacob, mas é tanta repetição e reforço de que ele é um homem de bom coração que se torna incômodo. Também temos a participação brasileira no filme com Maria Fernanda Cândido, mas seu papel é bastante trivial para história tendo apenas 2 falas durante o longa.

O filme é basicamente uma corrida contra o tempo para frustrar os planos de Grindewald de controlar o mundo bruxo. Uma equipe é formada por Dumbledore para tal feito, numa espécie de filme de assalto com um grande “plano mestre” para acontecer. Ok, esta é uma temática bem comum em filmes e não seria um fato negativo em si, porém todo o plano pensado por Dumbledore baseia-se em pequenas etapas que ou não dão certo ou que são simplesmente inúteis. E tudo é resumido a estratégia final de contrapor o Qilin falso com o verdadeiro, coisa que poderia ser feita sem o confuso plano. Inclusive é de se por em dúvida toda a credibilidade da Confederação Internacional de Bruxos ao serem enganados de uma maneira tão infantil e inocente.

Outro ponto do filme que deixa a desejar é o teor dramático pouco envolvente da família Dumbledore. Comecemos pela revelação de um novo membro abandonado pela família, este está completamente desconectado com o filme que em nenhum momento trabalha aonde está a lealdade dele. Talvez o grande segredo de Dumbledore (que dá nome ao filme) seja a triste história de sua irmã obscurial em um conflito tolo de família. Ou talvez fosse a relação homossexual com Grindewald, que neste filme é revelada em bom e alta voz, mas que em nenhum momento é desenvolvida além de meras palavras do passado.

Por fim, Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore deixa um tom melancólico e solitário no ar. E, pior, deixa a sensação que a franquia não tem forças para concluir os planejados 5 filmes no total. Aguardemos notícias dos próximos filmes.

Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore

5.0 Fraco
  • Nota 5
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Daniel Gustavo

O destino é inexorável.

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