O primeiro filme do Pai em Dose Dupla se mostrou uma comédia clichê, naquele padrão de longas que você assiste uma vez e logo depois esquece. Não é um filme verdadeiramente marcante, mas cumpre o propósito de entretenimento rápido, fácil e seguro para toda família padrão. A continuação se propõe a evoluir as relações apresentadas no primeiro filme e acrescentar novos conflitos.

Após fazerem as pazes no filme anterior Brad e Dusty finalmente se tornam verdadeiros amigos e aprendem a trabalhar juntos para criar seus filhos. Com a chegada do Natal, e uma possível reunião familiar chegando, esta relação pacífica pode acabar com a chegada de seus respectivos pais.

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Como quase toda a comédia que fala sobre pais e filhos, esta se foca no relacionamento entre eles (sempre com algum trauma de infância devido a um pai ausente ou super protetor) e o choque de gerações. Mel Gibson faz o pai de Mark Wahlberg, o coroa clichê dos anos 80 que é macho, linha dura, canastrão e politicamente incorreto. Gibson parece aceitar completamente que este papel é uma paródia de sua própria personalidade. John Lithgow é o pai de Will Ferrell e cria o estereótipo inverso de pai, super protetor e pateticamente amoroso. O filme se baseia nos choques que estas personalidades dísparas causam, exatamente a mesma estrutura do filme anterior.

Uma evolução evidente deste longa para o anterior, é a personagem de Linda Cardellini. Antes ela era somente uma figura passiva que pedia que os homens resolvessem qualquer situação que surgisse. Parece que existe uma preocupação em dar a ela mais falas, personalidade e conflitos, por mais que eles sejam resumidos a apenas questões sobre maternidade. Algo que não é um erro ou machismo, pois todos os conflitos deste filme são sobre relações familiares.

Assim como o filme anterior, a comédia peca muito em um estilo específico: a comédia física. Existem momentos onde o filme parece virar um desenho animado vivo e rompe com qualquer verossimilhança que constrói ao longo do primeiro ato. É como se existisse uma alavanca de absurdismo que é acionado de tempos em tempos. Na verdade diversos filmes de comédia parecem ter essa alavanca.

De resto, os humores estão nos choques de estereótipos e na criação de situações cômicas que até são divertidas. O filme se sustenta pelo carisma dos quatro atores principais e pela relação entre eles. O elenco infantil também evoluiu apesar de repetir conflitos do primeiro filme. 

Na verdade o grande problema de Pai em Dose Dupla 2 é que ele é idêntico ao anterior. Mesmos problemas, mesmos defeitos, mesmas qualidades. A única coisa que muda é acrescentar mais personagens, mas que acabam gerando as mesmas questões que já havíamos visto. Assim como várias comédias, o filme acaba levemente passando a mensagem de que o estilo antigo e clássico é o legal, enquanto o jeito moderno de se criar filhos é idiota e patético. Tudo apresentado de forma bem pobre e sem muito senso de ridículo. Algo estranho para um filme que nem se leva tão a sério. 

É o típico filme que você irá assistir com a sua família neste final de ano e vai conseguir gerar um entretenimento equivalente para todos. Se estiver com dúvida do que fazer com sua avó, pai e filhos, talvez esse filme possa ser uma boa pedida. Entretanto, assistir o primeiro se mostra importante para entender diversas questões que são apresentadas neste longa.

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Raul Martins

Autor dos livros Cabeça do Embaixador e Onde os sonhos se realizam

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