Adam Sandler surpreendeu muitos fãs do cinema por conseguir um acordo surpreendente com a Netflix para fazer diversos filmes. Os dois primeiros foram “6 Ridículos” e “Zerando a Vida” que foram um fracasso de crítica, mas obtiveram um número surpreendente de visualizações na Netflix. Agora temos o seu terceiro filme como protagonista e roteirista: Sandy Wexler.

Sinopse: Sandy (Adam Sandler) é um agente de artistas fracassados em Hollywood que acaba esbarrando numa cantora com muito potencial. Assim começa sua jornada para levar Courtney Clarke (Jennifer Hudson) para o estrelato enquanto vemos outros artistas agenciados por Sandy. Mas tudo começa a se complicar quando Sandy se apaixona por Courtney.

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O filme é acima de tudo uma comédia, mas ele acaba flertando com leves tons dramáticos e até bastante de romance, podendo ser classificado como uma comédia romântica sem muita dificuldade. A temática do mundo do show business é bem interessante e consegue tirar algumas boas piadas com o fato do filme se passar nos anos 90. Na verdade o filme tem algumas boas piadas que conseguem arrancar risadas, mas o problema é que elas estão muito espaçadas. Aliás, vamos aos problemas do filme.

O segundo ato desse filme nunca parece acabar. Vão acontecendo diversos eventos que não levam a nada, além de não gerar situações cômicas engraçadas para se justificarem. O filme possui duas horas e dez minutos, mas claramente ele poderia ser bastante reduzido. Isso gera alguns bolsões de tédio muito grande que podem fazer sua atenção se esvair por completo.

Adam não está muito bem em seu papel. Ele até se esforça na criação de um personagem que exige um trabalho de voz constante e até mesmo certa linguagem corporal, mas nada verdadeiramente marcante. Sem dúvida era sua função gerar a maioria das piadas do filme, muito pelo seu personagem ser alvo de todas elas. A ideia é que o espectador ria dele, e não com ele.  O grande problema é que esse personagem, Sandy, não é tão hilário assim. É dada a ele uma série de características “risíveis” que o tornariam patético de uma forma engraçada, mas acaba sendo esse arquétipo do ridículo somente nos dez primeiros minutos.

Jennifer Hudson é certamente é a melhor coisa do filme. Carismática, talentosa e uma personagem interessante.  Seu relacionamento com o personagem Sandy é até bem feito em alguns momentos, mas para ver tais momentos é preciso passar por muitas cenas desnecessárias. Outro problema do filme como um todo são os vários e longos diálogos que não tem nada de especial, só torna o filme mais lento e dilui os bons conceitos do filme.

Temos também algumas cenas que fazem uso de humor físico. Umas são boas e outras não, o que acaba dependendo do ator, que aliás, temos muitos neste filme. Sandy Wexler é um festival de atores coadjuvantes no mundo da comédia. Para quem gosta de acompanhar esse universo, existiram várias pequenas surpresas ao longo da história, mas nenhum deles tem muito tempo de tela ou que contribuam para que filme seja mais interessante.

O filme é dirigido por Steven Brill, o mesmo diretor de Little Nick que também é protagonizado por Adam Sandler. Brill até que tem bons momentos ao fazer uso de luz natural em algumas sequências, mas de forma geral seu trabalho é bem preso à formula. A fotografia é interessante em alguns momentos, mas também nada que dure por muito tempo. De modo geral é um filme com boas ideias e eventualmente algumas boas piadas, mas tais elementos estão um tanto soterrados no meio muitas cenas pouco úteis. Talvez se Sandy Wexler tivesse tentado ser menos uma comédia e mais um romance ou um drama ele poderia ter se tornado mais único e interessante.

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Raul Martins

Autor dos livros Cabeça do Embaixador e Onde os sonhos se realizam

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